maio 16, 2007

PÓVOA DE VARZIM - AVEIRO TAKE 2



Ora na crista da onda, ora na cava da onda...Tanto se via a costa, como só se via mar...Foi assim até entrarmos a barra de Aveiro!

PÓVOA DE VARZIM - AVEIRO TAKE 1

















Passeando até Leixões com pouco vento...

O Delmar ATRÁS do Veronique! Será que vinha a motor para nos alcançar?














Afonso a fazer leme na bolina!

maio 07, 2007

BAYONA - PÓVOA DE VARZIM NO VERONIQUE OU CAPITÃO MACHADO E O "MAR RASGADINHO"






Amanheceu calmamente em Bayona, com o nevoeiro a preguiçar como todos nós. Um caso raro de solidariedade. A calma era total e ainda faltava uma hora para a largada quando o Capitão Machado descobriu que os sapatos de vela não estavam no saco. Perdeu-se algum tempo com a pedinchince, sem resultados, de um par de sapatos de vela a mais. Valeram as botas de borracha do armador do Veronique. Eram grandes mas serviam para não escorregar no convés molhado da humidade nocturna. O meeting para Skippers no pontão, falado em castelhanogalegoportuguês, não adiantou grande coisa ao que já se sabia sobre o tempo previsto. O café não o consegui beber e lá conseguimos sair para encher o depósito de gasóleo! Quando começámos finalmente a encher o depósito ouvimos pelo VHF o sinal de largada! Era o avanço que combinámos dar a toda a frota, caso contrário, ainda nos arriscávamos a ganhar a regata e seria uma trabalheira aturar os mais regateiros. Gasóleo enchido, lá fomos para a bóia de largada a todo o gás e saímos com "ventos frouxos", como já era de esperar! Passámos o Castelo e a preocupação do Capitão Machado era ver a bóia que balizava os rochedos junto ao farol. Contornada a bóia, com os ditos rochedos a bombordo, seguimos num Largo confortável, com a vaga e o vento a aumentar. Atrás de nós vinha o Celta Morgana e outro barco que não identificámos. Não eramos só nós a dar avanço ao resto da frota...






Deixámos o Cabo Silleiro para trás e continuámos no mesmo rumo que grande parte da frota. Quando tinhamos a Playa de La Guardia pelo través, tomou-se a decisão de traçar rumo directo para a Póvoa. Era uma Popa Rasada, mais confortável, já que no bordo Largo levávamos com a vaga pelo través. A vaga nem estava muito grande e o vento andava pelos 15 ou 16 nós.






Aí, o Capitão Machado, voltou-se para mim e para o Eugénio e disse, qual velho do Restelo, isto para a tarde vai dar um Mar Rasgadinho, vão ver! O Eugénio ainda comentou que o Weather on Line dava diminuição de vento e vaga para a tarde, e eu fiquei na dúvida com os 14 a 17 nós que o Windguru dava para a tarde na Póvoa, Mar rasgadinho podem crer, dizia o Capitão Machado ainda ao leme. De seguida o Eugénio tomou o leme enquanto nós metíamos um pão com queijo no estômago e empurrávamos tudo com uma cerveja fresquinha, cortesia do frigorífico novo do Veronique. Parecia que adivinhava o que estava para vir...Por bandas de A Guardia agarrei-me ao leme e só larguei na Póvoa. Começámos por fazer um "burro" na retranca, para evitar as cambadelas constantes nas vagas cruzadas que baloiçavam o Veronique. Valeu a pena, mantivemos rumo "al dente" e velocidades médias entre os 7.4 e os 8.2 nós. A velocidade máxima que conseguimos na surfada foram uns módicos 10.3 nós, recorde do Veronique, segundo o Eugénio. O vento foi subindo, 20, 22 25 27 e chegou aos 35 , talvez 40 nalgumas rajadas...O mar estava bem rasgadinho e o leme cada vez mais pesado. Por vezes era manobrado a quatro mãos para conseguir manter a proa no sítio certo e não nos atravessarmos na vaga. Valeu a pena, com a ajuda do estai e do burro na retranca, conseguíamos manter o Veronique na pequena janela da popa rasada, apesar das vagas que entravam pela popa e pelas alhetas quando lhes apetecia. O Eugénio avisava, lá vem mais um set...os músculos retesavam a segurar o leme e o Veronique lá seguia na antecipação da deriva...até que o burro partiu numa rajada combinada com uma vaga e mudámos de bordo forçadamente! O Capitão Machado sugeriu arrearmos o estai devido ao vento cada vez mais forte. Por esta altura o Casvic comunicava que tinha partido o pau de spi e tinha vários estragos para se entreter, daí que abandonava a regata. As coisas começavam a ficar mais complicadas e o vento e a vaga iam subindo, um pouco para o desordenado e caótico. Decidimos fazer outro burro na retranca e tentar manter o bordo directo para a Póvoa. A deriva empurráva-nos para terra e o Capitão Machado sinalizava, de vigia ao GPS, e com uma precisão matemática, Estamos a ir para Terra. Com tudo a crescer, cansaço inclusive, decidimos, a cerca de 6 milhas da Póvoa, arrear o estai e tentar manter a Grande sem rizar. Íamos ficar com a proa mais leve, logo com mais deriva na onda, mas o vento estava muito forte e tinhamos que reduzir pano e o mais fácil era arrear o estai. O Capitão Machado passou para o leme, eu fui caçar a grande e tensionar o estai enquanto o Eugénio lá na frente o tentava descer. O Veronique atravessou-se nas vagas, aguentou uma ou duas a malhar de través e aproou ao vento e à vaga para que o Eugénio arreásse o estai. A onda entrou pela Proa, o Eugénio fazendo juz à alcunha de Bubbles, saltou no ar agarrado à escota do estai e lá ficou a flutuar como uma bolha de sabão, durante um ou dois segundos enquanto a proa descia e subia na vaga. Estai arreado, folguei de novo a grande e aproámos em direcção à Póvoa. O vento era tanto que para caçar a grande tive que pôr a escota no molinete e dar à manivela...Com tudo isto recuámos uma milha e fomos passados por dois ou três barcos. Íamos no limite, vela grande cheia, novamente segura com um burro reforçado, surfando na janela estreita da popa e ganhando linha de rumo para a bóia de chegada que ninguém sabia onde estava. Ficámos a saber quando lá chegámos e vimos o molhe Norte. O mar estava bastante rasgado nessa altura e entrámos à vela no molhe e só aí é que a descemos e fomos à procura do lugar na marina. O Capitão Machado tomou de novo o leme do Veronique, e numa manobra daquelas que não dá para acreditar, "meteu" o Veronique no buraco da agulha, com o vento a soprar os 25/30 nós. À primeira e sem hesitação de espécie nenhuma! Machado, quando for grande quero ser como tú a manobrar o barco para a amarração! Não esquecer que o Veronique pesa 9,5 toneladas e tem quilha corrida, o que o torna muito caprichoso nas manobras com vento forte.

Era tempo de respirar fundo e abrir a tal garrafa de Alvarinho que o Machado tinha posto no Frigo para bebermos à chegada! A capa da vela tinha tempo para se pôr... E pensando bem, depois do Alvarinho não me lembro de alguém a ter posto...Não digam nada ao Armador do Veronique, mas acho que a capa da vela ficou para ser posta para a semana que vem...A culpa não é minha, nem do Eugénio, nem do Machado. A culpa é do Alvarinho, pois então!!!

Quanto aos sapatos desaparecidos, o Machado veio a dar com eles a dormir no camarote...é preciso ter lata, a dormir durante uma viagem destas! Quem ficou com as orelhas a arder foi a mulher do Machado...






O VELEIRO MAIS BONITO DE CASCAIS, QUIÇÁ DE TODO O UNIVERSO!