agosto 30, 2004

DIÁRIO DE BORDO - CRUZEIRO NAS CARAÍBAS - DIA O3

Dia 03 - 31/03. St. Vicent / Friendship bay

Quarta-feira, dia 31 de Março.

Levantámo-nos cedo e a ideia era ir tomar o pequeno-almoço enquanto os escritórios da TMM não abriam. Na marina, por cima dos gabinetes técnicos havia um restaurante que servia pequenos-almoços. Foi ali, na varanda sobre a baía que tomámos o primeiro pequeno-almoço a sério desde que tínhamos saído de Portugal, torradas, bacon, ovos, tomate, café, sumo de laranja, etc.
O resto da manhã foi gasto com a verificação do barco, eu mais a Sílvia e o Luís íamos verificando uma lista enorme de equipamento enquanto o Paulo, a Teresa e o Nuno estavam em Kingstown a fazer as compras iniciais básicas para a cozinha.
Quando a verificação ficou concluída, assistimos a um briefing sobre a nossa viagem e sobre as Grenadines em geral. Escondido no arvoredo havia um pavilhão circular com um mapa gravado na parede, um mapa das Grenadines. Era o local escolhido para o breefing conduzido pelo DON que, com uma calma típica destes lugares nos foi perguntando qual era o nosso plano de viagem, enquanto nos ia dando indicações úteis, e cuidados a ter em cada ilha ou o tipo de navegação mais adequado.
Acabado o briefing fomos escolher barbatanas e máscaras para o snorkelling, após o que voltámos ao barco para sair logo que nos pudessem guiar para fora da lagoa. Queríamos sair o mais depressa possível, mas como por vezes acontece nestas situações, aparece um problema de última hora que nos retarda mais um pouco. Neste caso o problema foi com o guincho que segura o ferro, neste caso dois ferros. Após várias tentativas para o porem a funcionar, desistiram e disseram-nos que iriam (dentro de um ou dois dias) substituir o motor do guincho. Teríamos que o puxar à mão nas próximas vezes, o que se tornou bem penoso, principalmente com a amarra de argolas de ferro ensopada no óleo que se tinha derramado na tentativa de arranjo do motor.
Pedimos também para que nos arranjassem uma agulha de marcar, até porque o GPS do barco não funcionava. Embora a navegação fosse sempre à vista, sempre era mais confortável ter algo para marcar o ponto em caso de dúvida. O fundo de recifes mais a pouca altura de água em bastantes zonas não era nada tranquilizador, e esta era a principal razão para a navegação nocturna não ser permitida.
Ainda houve tempo para almoçar a bordo umas sandes de ovo mexido com alface e beber uma cerveja até vir o pessoal da TMM para nos conduzir para fora da lagoa. Por volta das 13h45 estávamos a caminho de BEQUIA com vento SE de 10 nós. Navegação à vista com rumo de agulha de 207º.
Finalmente a velejar, embora o vento estivesse fraco, alternando com zonas onde animava, lá fomos numa bolina folgada em direcção a ADMIRALTY BAY e ao cabo mais a sul, West Cay, visto que o nosso objectivo era fundear numa pequena baía a sudeste da ilha chamada FRIENDSHIP BAY.
O troço final foi bastante animado, com uma passagem entre duas ilhas executada magistralmente com uma série de viragens de bordo no momento preciso, até se via o branco dos olhos dos rochedos quando o skipper nos dava a ordem para começar a manobra. Puxa pelo corpo mas é bastante bonito e exaltante quando é bem feito e no timing certo.
E de viragem de bordo em viragem de bordo entrámos à vela na baía pelo canal certo e fundeámos sem problemas, à parte termos de largar o ferro à mão.
Com a costa bem perto, jantámos a bordo e por lá ficámos. A vontade de ir a terra não era nenhuma, até porque não havia nada de animado. Ainda tirámos uns pontos de referência para verificar se o ferro estava bem unhado e o barco não garrava. A ondulação entrava e o nosso barco estava de través, pelo que o balouçar era inevitável. Ou se punha um segundo ferro para aproar o barco à ondulação, ou então iríamos ter uma noite de “embalo”.Como àquela hora a preguiça já era muita foi o que veio a acontecer. O Paulo, a meio da noite já farto do baloiço no camarote, foi dormir lá para fora, sempre balançava menos e estava um pouco mais fresco. Eu como de costume adormeci instantaneamente, se calhar ajudado pelo “embalo” e pelo som das ondas a bater ritmadamente no casco. Foi um sono de seguida até de manhã, nem dei pelo Paulo, meu companheiro de camarote, ir dormir lá para fora.

agosto 26, 2004

DIÁRIO DE BORDO DO CRUZEIRO ÀS CARAÍBAS - DIA 02

Dia 02 - 30/03. S.Juan / St. Vicent

Pequeno-almoço bem cedo, ainda estávamos no efeito do jet lag e pela hora de Lisboa. Comemos um pequeno-almoço típico americano, com muito café aguado e várias coisas fritas e com aspecto esponjoso. De seguida demos um pulinho ao centro de S. Juan. Um pulinho bem grande. Fomos de autocarro e levámos cerca de ¾ de hora para lá chegar. No autocarro o Luís fez o seu famoso número da fotografia com flash profissional e reflector opalino. Escusado será dizer que foi um sucesso e por uns momentos fomos o centro das atenções. Todos se riam para nós com ar terceiro mundista, porque seria?
S. Juan tradicional é essencialmente um porto com ruas na perpendicular ao rio/baía. Não se pode dizer que seja muito bonito, porque não é, mas tem algo de simpático e colonial. Ainda fomos beber uma Piña Colada à casa onde nasceu a verdadeira Piña Colada, pelo menos era o que estava gravado numa placa à entrada. A decoração era para turista americano, mas servia uma bebida fabulosa e muito bem feita, segundo disseram o Luís e o Paulo, verdadeiros conhecedores da dita. O retorno ao hotel e de seguida ao aeroporto foi feito numa carrinha para levar os seis mais as malas. Enquanto o autocarro levou ¾ de hora, a carrinha levou 15 minutos.
De volta ao aeroporto, check-in, carimbos, apalpões e partida sem atrasos para ANTIGUA. Voo de carreira com duas paragens pelo meio. Primeiro parámos na ilha de TORTOLA (UK), depois na ilha de St. MARTIN (French, Neth.) e finalmente ANTIGUA onde saímos para uma espera de duas horas. A fominha apertou e depois de um hot dog e cerveja embarcámos para o salto final e destino, St VINCENT.
Chegámos ao cair da noite. A nos receber, burocracia igual à que tínhamos deixado por cá. Preencher papeladas da emigração, ficar em filas com riscos no chão, mulheres passadas da cabeça aos gritos e carimbos, muitos carimbos. Começámos a desanimar e quando já ninguém estava à espera, chega um preto matulão com um cartão à procura do Mister Serpa. Era o nosso transfer até à baía BLUE LAGOON, onde estavam os escritórios da TMM, companhia que nos alugava o barco e a marina onde iríamos passar a noite já a bordo do Dolphin Dance, o nosso barco para as próximas duas semanas.
Saímos do aeroporto, com a confusão da condução pela esquerda, à britânica. Tudo isto a subir e a descer, num trajecto cheio de curvas, o que acentuava a sensação de estar sempre fora de mão. Passei o caminho todo a travar e a desviar-me instintivamente dos carros que vinham em sentido contrário. Era mais forte que eu.
Quando chegámos a Blue Lagoon o barco não estava atracado na marina, mas sim fundeado na lagoa. Fomos no dinghy para lá e acomodámos provisoriamente os sacos para de seguida ir jantar. O guia indicava o Restaurante Barefoot a pouca distância, e para lá fomos no dinghy.
Situado a meia encosta, subimos uma rampa de pedra até uma casa de madeira estilo colonial com uma varanda aberta para a baía, onde nos instalámos para comer a primeira refeição decente desde que tínhamos saído de Portugal. Primeiras cervejas e primeiros brindes.
Finalmente estávamos nas Caraíbas, nas Grenadines e num barco pronto a velejar, e que senhor barco, 50 pés dele. Quatro suites com casa de banho, e bastante espaço interior.
No restaurante as cervejas vinham ao ritmo contrário à comida que tardava a chegar. A maioria comeu arroz com ensopado de búzio (acho eu!). O Luís comeu borrego que parecia uma chanfana com sabor tropical. Tudo very convenient para a noite de chegada, incluindo o cubanito para rematar.Cansados chegámos ao barco e fomos logo dormir. Pela manhã ainda haveria que tratar do check-in do barco, briefings, comprar comida, etc. O começo de cada viagem é lento em contraste com o final que é rapidíssimo. A temperatura do ar estava excepcional e dormimos com os albóis totalmente abertos. Pelo sim, pelo não, colocou-se uma rede mosquiteiro que tinha levado, no meu e no da Sílvia, que estavam lado a lado à proa. Improvisámos uma amarração com molas de roupa que funcionou até de manhã. Embora desconfie que não havia muitos mosquitos, sempre foi uma precaução que não custou muito a pôr, embora não a tenha usado mais nenhuma vez.

agosto 25, 2004

DIÁRIO DE BORDO DO CRUZEIRO ÀS CARAÍBAS - DIA 01

Cruzeiro nas Grenadines – Caraíbas
St. Vicent / Grenada / St. Vicent
31/03/2004 a 12/04/2004

Diário de Bordo

Dia 01 – 29/03 Cascais / S. Juan (Porto Rico)

Saída de Cascais às 8h15 da manhã do dia 29 de Março de 2004 (Segunda-feira). Apanhei a Sílvia na Parede e seguimos para o aeroporto da Portela. Como planeado chegámos às 9.30 h e como ainda não estava ninguém do nosso grupo, falámos ao telemóvel com o Paulo que chegaria um pouco depois.
Primeiro contacto com a segurança da Continental Airlines e a paranóia americana generalizada. Um jovem português com a cabeça rapada a imitar um jovem americano redneck, bastante irritante por sinal, queria ver o nosso percurso completo. A Sílvia começou logo a embirrar com ele e de seguida fui eu, mas lá acabámos por suavizar a conversa e passámos ao balcão do check-in, sempre com o parvalhão do aprendiz de segurança a olhar para nós. Até tinha óculos escuros como os da secreta.
Soubemos nessa altura que o Jorge, à última da hora, não podia vir por motivo de doença grave de um familiar bastante chegado. Ironia do destino, levámos um ano a planear esta viagem, para na véspera tudo ir por água abaixo para o Jorge.
Como quase sempre acontece, o Luís chegou por último e fizemos o check-in. Eu, a Sílvia, o Paulo, o Luís, mais a Teresa e o Nuno. A tripulação estava feita.
Viagem de avião monótona e sem incidentes até New York, onde aterraríamos no aeroporto de Newark para fazer a ligação para as Caraíbas. Mais segurança, mais cabeças rapadas, mais maus modos e espera de algumas horas pelo avião que nos levaria até S. Juan de Porto Rico. Almoçámos no aeroporto onde tudo é caríssimo e a comida é de plástico, bem à americana. O cheiro na zona do food-court é agoniativo, parece um Macdonnald’s gigantesco. Novo vôo até S. Juan e chegada já de noite. Alugámos uma carrinha para os seis e ficámos no Hotel Marios, baratinho e muito low profile. Não investigámos muito, mas a Sílvia tinha a teoria que o hotel era daqueles para encontros rápidos e fugazes. Não sei se era, mas tivemos que pagar os quartos à entrada e não tinha pequeno-almoço.
Depois de instalados e como ainda era cedo, fomos até à praia ver se comíamos alguma coisa, o que não se verificou por estar tudo encerrado àquela hora. Acabámos por beber umas cervejas num bar que já estava fechado para o público e tivemos o primeiro encontro com a regra de pagar o serviço (15%) à parte, baralhando as contas todas.
Por fim, já com as horas reais e as de origem todas trocadas retornámos ao hotel para descansar.

agosto 22, 2004


Vela VI Posted by Hello

Velas IV Posted by Hello

Tensão no mastro Posted by Hello

Velas V Posted by Hello

Skiff - pormenor Posted by Hello

Velas III Posted by Hello

Vela II Posted by Hello

Velas em Cascais Posted by Hello

agosto 09, 2004


Skiffs em Cascais - rasante ao mar Posted by Hello

Skiffs em Cascais - tanto mar e tanta vela Posted by Hello

Skiffs em Cascais - equilíbrio a falar português Posted by Hello

Skiffs em Cascais - velas em equilíbrio Posted by Hello

Skiffs em Cascais - Pincelada na bóia Posted by Hello

Skiffs em Cascais -pincelada com pouco vento Posted by Hello

Gaivotas sadomasoquistas na ilha de Bequia Posted by Hello

Optimists na ilha de Grenada Posted by Hello

Marina de St.Vicent - pormenor plástico em madeira Posted by Hello

Ainda o pequenino Dolphin Dance Posted by Hello

O "nosso" barco nas caraíbas - Dolphin Dance Posted by Hello

agosto 03, 2004


Quero mais... Posted by Hello

Está tudo pequenino lá em baixo Posted by Hello

Bárbara no elástico Posted by Hello

Surpresa na NET

Já não faço banda desenhada desde os tempos do Pãocomanteiga, por isso já lá vão bastantes anos. Até hoje nunca o meu nome foi citado para fora do restrito círculo de amigos, como um cartoonista desaparecido ou saudoso que deixou de fazer banda desenhada. Eu próprio me esqueci dele.
Então foi com bastante surpresa que tropecei num site brasileiro de humor, que entre outras atrações tinha um Novíssimo Dicionário Básico da Úmida e Sensual Língua Portuguesa ou Dicionário das Loiras. Algures na letra H tinha uma entrada para HaraQuirino que dizia o seguinte:
HARAQUIRINO: abrir o abdômen do Júlio Quirino, conhecido cartunista que costuma publicar os seus trabalhos na famosa revista "Pão Comanteiga".
Como diz o ditado, ninguém é profeta na sua terra, ou cartoonista acrescento eu!
O dito dicionário era
Extraído parcialmente dos web sites: http://www.humortadela.com.br/ e http://redeglobo.globo.com/cassetaeplaneta/ Adaptação e atualização: Evaldo Fernandes.

agosto 02, 2004

FERRUGENS

Mais uma vez estou de partida. O outro lado do mundo espera de novo para me pôr à prova. Desta vez no mar, agora e sempre, no mar. Por cá as coisas ficam suspensas na brecha do tempo ausente. O meu livro começa finalmente a embalar, sento que o Arraial Esotérico está finalmente em marcha. Outro (livro) começa a tomar forma, será composto por pequenos contos e textos ao acaso. Será complementado com imagens, fotos, desenhos, imagens de síntese, etc. Minhas e do meu filho João. O título seria e será Ferrugens. Assim como o ferro cria a ferrugem que o cobre, nós também criamos histórias que têm a ver connosco e que de certa maneira também nos cobrem. Descobri-las e contá-las é como que uma catarse, uma libertação e uma purificação. Uma cura, em suma!
Acho que não resisto e vou começar a juntar alguns textos, uma ou duas ou mais ferrugens das que vão figurar no livro. São bastante pequenas, por isso não ocuparão muito tempo, caso as queiras ler. Se não te apetecer, deita-as fora, afinal é o que se faz às coisas com ferrugem.


Velejando nas Grenadines Posted by Hello

Imagens Escritas

Imagens da escrita ou Escrita das imagens? Onde começa uma e acaba a outra? Talvez o que importe seja começar alguma coisa, começar sempre porque acabar não é! O começo é sempre uma promessa e é isso que o torna aliciante. Vamos escrever as imagens e ilustrar a escrita. É uma promessa que aqui fica!