setembro 02, 2004

DIÁRIO DE BORDO DO CRUZEIRO ÀS CARAÍBAS - DIA O6

Dia 06 - 03/04. Charleston bay / Mayreau

Sábado, dia 3 de Abril.

Durante toda a noite soprou uma ventania que entrava pelo albói e saía pelo poço, fazendo uma corrente de ar frio que me acordou várias vezes. De manhã, assim que o Sol nasceu começou a chover, por pouco tempo, como é costume.
Banho tomado à maneira, com champô e tudo e fiquei pronto para o pequeno-almoço enquanto esperamos que chegue a assistência para arranjar o guincho. Quando acabarem o arranjo é que decidimos se vamos para Tobago Cays ou ficamos.
Daqui para a frente a navegação já tem de ser feita com muito rigor porque os recifes são muitos, as passagens estreitas e os fundos baixos, uma das razões porque existem tantos Catamarans por estas bandas.
Ainda não foi desta que temos guincho, afinal a avaria é eléctrica, não tem que ver com o motor, e é necessário saber onde é que o cabo não deixa passar a corrente. Assim sendo, foi tomada a decisão de irmos para as Tobago Cays, mas primeiro, iríamos ficar em Mayreau e o mecânico iria lá ter connosco.
Saímos à vela, com vento que ia aumentando à medida que deixávamos a baía para trás. Assim que passámos Glossy Hill, tomámos o rumo 230 para a ilha de Mayreau. Velejámos a um largo cerca de meia distância, que era aproximadamente 5 milhas, e o resto do percurso numa bolina folgada com alguma vaga lateral na parte final.
À chegada a Salt Whistle Bay veio ter connosco um táxi aquático a avisar que o nosso mecânico já lá estava e se queríamos uma bóia para fundear. Assim fizemos, encomendando ainda 3 garoupas pequenas já arranjadas e temperadas para grelhar à noite juntamente com o peixe que tínhamos comprado de manhã. Íamos experimentar o grelhador que fica preso à amurada da popa.A baía é lindíssima e já prenuncia o que é Tobago Cays. Água azul-turquesa, recifes, praias com palmeiras e pouca ondulação.
Depois de almoçarmos a bordo, tomámos banho e fizemos um pouco de snorkelling enquanto o mecânico chegava à conclusão que precisava de um cabo maior do que o que tinha para o arranjo final. Era tudo o que era preciso para pôr o guincho do ferro a funcionar e acabar a seca do Paulo e do Nuno, sempre que fundeamos ou saímos.
Em terra fizemos uma pequena exploração e decidimos ir até à vila principal da ilha. Como a ilha não era muito grande decidimos ir a pé. Começámos logo por subir um monte numa estrada de cimento com uma inclinação alucinante. Novamente daquelas que custam bastante a subir e ainda mais a descer. No topo do monte tínhamos uma vista quase panorâmica da ilha e viam-se as Tobago Cays ao longe. A igreja é very british e curiosa, enquanto o resto das casas na encosta são simples, e com as cores do costume.
A meia encosta fomos beber uma cerveja ao Dennis’ Hideaway, um bar feito por um skipper local, e voltámos com o Sol a pôr-se e a noite a começar. Aqui levantamo-nos por volta das 6h30 já com o Sol a brilhar e por volta das 18h30 já é noite, embora a temperatura desça um pouco, ainda continua quente.
Preparámos o grelhador e tudo ficou pronto para a grelhação. Acender o carvão sem madeira seca para atear é o cabo dos trabalhos, tínhamos bastante na praia mas ninguém se lembrou. Demorou um pouco mais do que é costume mas consegui fazer as brasas. O mais estranho de tudo era estar empoleirado sobre o grelhador por cima da água. O mais agradável era não apanhar com o fumo devido ao facto do barco estar aproado ao vento e como o grelhador estava montado à popa, o fumo ia direitinho para fora do barco sem nos incomodar. Fizemos uma refeição de peixe grelhado de se lhe tirar o chapéu. Deitámos as espinhas para os peixinhos e o Luís distraído também atirou para a água o prato juntamente com as espinhas. De seguida foi ele atrás do prato para não o perder.
Começámos a lavar, ou melhor, a pré-lavar a louça no balde com água do mar seguido de uma limpeza rápida com água doce. O intuito é poupar água dos depósitos, água que se está a gastar a um ritmo alucinante.
Eu e a Sílvia ficámos no barco a arrumar o resto da loiça enquanto o resto do pessoal foi novamente à procura de uma local party. Quando me ia deitar o Nuno e a Teresa voltaram e disseram que a festa era mesmo local, numa garagem só com pessoal de cor. O Luís e o Paulo como seria de esperar ficaram por lá. Ainda pensei ir ter com eles mas o cansaço era muito e rapidamente adormeci embalado pela ondulação suave que entrava na baía.
De noite acordei com umas picadas dum mosquito, que depois se foi embora satisfeito, ou então foi morder outro, felizmente para mim.

Sem comentários: